Contos Diários - 3 -




3.

Sua vida estava acabada. Nenhuma esperança nem sonho lhe restam mais. Na verdade Bernardo já nascera sem sonhos. Crescera sem esperança e o tal de amor nunca lhe foi concedido. Vivia entre os prédios cinza e os fantoches de sua cidade.
Nunca confiou em ninguém e muito menos amou. Seu coração vivia vazio e ele ocupava as horas devorando as magníficas histórias de seus antepassados.
A vida sempre foi cinza. Jamais será uma coisa só. Ele jamais se decidirá sobre o amanhã e tudo vai se repetir. Ninguém é capaz de manter-se fiel a seus princípios. O homem sempre foi corrupto. Desde o Éden.
Pobre Adão desgraçado culpou sua amada Eva e esta culpou a endiabrada cobra. E a cobra culpou alguém? Pelo menos até onde sei, não.
E Bernardo sentia-se só como a cobra. Não tinha ninguém igual a ele. Nenhum fantoche lhe agradava por mais belo e quase perfeito que fosse. O peso dos erros humanos sobre seus ombros. Ele era o bem e o mal. Mas nunca conseguia o equilíbrio. Pois não há equilíbrio nessa vida. Não há. Duas coisas sempre estão lutando pelo domínio.

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1 Response to Contos Diários - 3 -

  1. Concordo com você: não há equilíbrio nesta vida, não há. Viver parece ser andar de um lado pro outro na corda bamba. Eu gosto da sua sombrinha, gosto do seu saiote. Gosto também da sapatilha, mas juro que não é por fetiche. Ao menos na escrita, você parece uma grande estrela de circo. Aplausos, honey.